Tudo continua na mesmice!!!!!


Os igarapés de Porto Velho continuam poluídos

O bom filho sempre a casa volta, já dizia a minha vó! Depois de um bom tempo parado, pois estava a frente de vários projetos e quase não tinha tempo para postar nada! Mas voltei. Logo no período das queimadas na Amazônia, um vilão que atua por culpa nossa!!! Nos próximos post, falarei sobre essa problemática e darei dados do que acontece na Amazônia. Agora, vamos lá! Muita coisa acontecendo na região Norte; usinas, regularização fundiária, desmatamento etc. Não tenho nada contra, mas passei um bom tempo parado e os assuntosainda são os mesmos. Isso que dizer que, nada foi feito para melhorar. Ah! e esse tal de crédito de carbono que tanto se falava, não vingou, pois há muita burocracia e quase impossível conseguir esse dinheiro. Enfim, quero dizer que ficamos muito na teoria, prática que é bom, nada. Para ver como nada mudou publico uma matéria que eu fiz em 2010 e se fomos voltar lá as coisas continuam as mesmas!!!


Igarapés pedem socorro

02/08/2010 - DIÁRIO DA AMAZÔNIA

A resistência dos pequenos peixes em sobreviverem no lixo e no esgoto mostra que os igarapés urbanos da Capital ainda respiram vida. Na memória de muito moradores das redondezas dos afluentes do rio Madeira nem ao menos ficaram as lembranças das águas limpas, da cobertura florestal, da quantidade de seres que viviam no local. O mau cheiro, o lixo, o aterramento, retirada da mata ciliar, desvio do curso d’água e o assoreamento mudaram a imagem e o que era beleza acabou se tornando um risco para as famílias.

A dona de casa Maria das Dores lava a louça enquanto a água da casa escorre aos seus pés e segue cerca de 10 metros para o igarapé dos Tanques. Para ela, a imagem de desolação não é mais problema. “Tem época que é pior, agora está é bom”, disse. Os sobrinhos de Maria das Dores tentam descer a área da casa que faz fundo com o igarapé. O marido, Edmilson Gonçalves, impede temendo a contaminação das crianças. “Nem meus filhos brincavam no quintal, pois é perigoso, dá doença”, afirma o pedreiro.

A família mora no lugar situado na rua Anita Garibaldi, no bairro Costa e Silva, há mais de seis anos e nem lembra das histórias das águas limpas dos Tanques. “Quando vim morar aqui já fedia e sempre foi assim, as pessoas jogam a água servida de casa, lixo, pedaços de pau, tudo no igarapé, não tem outro lugar para jogar, mas moro ainda aqui porque é o jeito, se desse saía”, relata das Dores. O marido disse que impede as pessoas de jogarem lixo no curso d’água. “As tábuas e os galhos secos impedem a água de passar e quando dá o verão temos que viver de janela e porta fechada para suportar a fedentina”, conta Gonçalves.

Fedor

No outro lado da ponte que separa o Canal está a família de Priscila Rosa Maciel. Na casa da doméstica, a poluição do igarapé deixa os familiares doentes com freqüência. “Meus sobrinhos ficam direto doentes, com diarréia e febre, por causa do ambiente”, disse. Ela mora em uma casa com oito irmãos, além dos três sobrinhos e da nora. “Agora o barranco está caindo e ficando mais perigoso. Tem momentos que é impossível ficar por aqui de tanto fedor”. Outro problema relatado por Priscila Rosa é as inundações. “Se no verão tem o odor. No inverno sofremos com as alagações, teve época que tínhamos que sair pela janela”, conta ela. Na casa da doméstica a água que sai pelos canos e deságua no Tanques é da Caerd. “Aqui pagamos água da Caerd, mas o esgoto infelizmente tem que ser despejado no igarapé mesmo”, fala.

Mais adiante no mesmo igarapé, já no beco Pariri, moradores denunciam vizinhos que acabam piorando o mau cheiro nas casas. “Fizeram uns apartamentos do lado aqui e jogam tudo no Tanques, os canos são despejados direto, o lixo vai direto sendo que temos coleta de lixo não precisa acabar de vez com o igarapé”, diz a moradora Maria Antônia.

Morador luta contra a poluição

O comerciante José Ximenes, para evitar a degradação do igarapé, teve que cercar a área. “O Santa Barbara estava ficando totalmente ocupado resolvi proteger o igarapé para ver se a poluição diminuía e evitava a invasão”. As águas limpas e cristalinas descem sossegadamente no quintal do comerciante. Há 20 anos morando no local próximo a avenida Farqhuar, no bairro Areal o morador disse que mesmo protegendo o recurso hídrico houve muito mudança com o tempo. “Dava para tomar banho, hoje ele está quase assoreado e para piorar fizeram um canal de esgoto que derrama direto no igarapé”. A água que encontra com esgoto ainda não consegue poluir todo o igarapé que a 200 metros depois de cristalina se torna escura e o mau cheiro começa a ficar evidente. Francisco Dias mora nessa área em que os pedaços de paus, de árvores e sacolas e mais sacolas de lixo quase impedem a passagem do pequeno rio. “Moro aqui já faz uns cinco anos, sempre foi assim, estou até acostumado com essa feiúra e o fedor”, fala.

Mais uns poucos metros depois uma igreja nesta última sexta-feira (30) acabava de ser desmontada por uma decisão judicial por causa de ocupação irregular. O pastor Manuel Viga Filho disse que a igreja existe há mais de seis anos. “Vieram tirar a gente dizendo que estamos em Área de Proteção Permanente, mas já faz mais de uma década que estamos aqui e ninguém nunca falou nada”. Como as outras palafitas e casas da área, a água doméstica e despejada no igarapé. “Temos mais de 217 fiéis que freqüentam a igreja”. Ele agora espera que a Prefeitura resolva o problema da igreja. “Enquanto a Prefeitura não resolve onde ficaremos, colocaremos uma lona e continuaremos os cultos”, diz. Próximo de desaguar no rio Madeira, no bairro Baixo Madeira, o que era água dá lugar para o lixo. A moradora Dulcineia Oliveira reclama do fedor no verão. “Todo o lixo que vem de outras áreas pára por aqui e fica de baixo das casas. É pedaço de pau, resto de eletrodoméstico e lixo em geral que encalham a passagem do rio e fica fedendo todo o bairro”, reclama.

Matas ciliares dão lugar a moradias

Para o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Telêmaco Lima, o problema dos igarapés está nas ocupações irregulares. “No final de 2006 tínhamos 78 áreas verdes, hoje se tivermos 70 é muito. O processo de ocupação é muito rápido e o crescimento desordenado tem causado os problemas ambientais nos igarapés”, confessa. Ele diz que a Sema hoje tem apenas oito fiscais para atuar em todo o município de Porto Velho. “Trabalhamos todos os dias, mas o município é enorme, são mais de 700 quilômetros quadrados para o pouco número de fiscais, por isso a dificuldade de realizar os trabalhos constantes de fiscalização nas áreas”, disse.

Outro problema é a morosidade dos processos ambientais aos infratores. “Você autua a pessoa, e o processo ambiental corre anos e no fim ele sempre acaba não pagando nada. Ainda por cima, ele volta a cometer o crime ao ambiente”. Ele acredita que se não houver controle, é possível que desapareçam os igarapés da cidade. “Tem que haver ações diariamente nas áreas para evitar mais invasões e investir em educação ambiental para os moradores que já estão nas áreas ilegais se conscientizarem para não poluir mais as mananciais”, afirmou.

Somente o saneamento salva

Águas superficiais e dos poços estão contaminadas por coliformes totais. Sem rede de esgoto a situação tende a piorar

“A qualidade das águas superficiais da cidade está comprometida pelas atividades desenvolvidas ao longo dessas microbacias. Até os poços amazônicos do município estão poluídos”, afirma o especialista em qualidade da água, Wanderley Bastos, do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade Federal de Rondônia (Unir).

O especialista diz que as águas dos igarapés estão todas poluídas com coliformes fecais e totais, mas o pior ainda não aconteceu. “O Madeira ainda consegue dissolver o esgoto, mas com a população crescente, se não houver uma solução rápida poderemos ter sérios problemas como em São Paulo com o rio Tietê”, alerta.

Para prevenir o caos, o caminho é o saneamento básico. “Se pararmos de lançar o lixo nos igarapés o problema não se resolve. É preciso além de canalizar o esgoto termos uma estação de tratamento de resíduos para não jogar o esgoto puro no Madeira se não, nenhum esforço adianta”. Bastos acredita que nenhum projeto deveria ser feito antes de concluir o saneamento básico na cidade. “Se autorizar cada vez mais os projetos sem ter uma rede de esgoto e um tratamento para os resíduos, o problema só vai piorar cada vez mais”.

Último lugar

Na pesquisa divulgada em maio passado pelo Instituto Trata Brasil sobre os serviços de saneamento nas 81 maiores cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes Porto Velho aparece na última colocação das cidades que não investem na infraestrutura básica, como a coleta de esgoto. O levantamento revela que os avanços mais significativos ocorreram nas cidades que desenvolveram alternativas para antecipar as metas de universalização por meio de parceria envolvendo empresas privadas e públicas.


O engenheiro da Secretaria de Planejamento (Seplan), Vagner Zacarini, destaca que este problema somente será resolvido quando as obras de construção do Sistema de coleta, Tratamento e Disposição Final do Esgoto Sanitário de Porto Velho, iniciado em julho de 2009, ficar pronto. E ressalta que a previsão é de no máximo dois anos, já que são várias frentes de trabalhos já começadas principalmente na região da Zona Leste estão dentro do planejado. “Mais de 50 quilômetros de rede foram implantados e para o mês de agosto estaremos implantando outra estação de tratamento denominada etenorte”, destacou.

Águas de Porto Velho serão mapeadas

A coordenadora operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ana Cristina Strava, participa de um trabalho de identificação, mapeamento e diagnóstico dos cursos de águas que cortam a Capital. O mapeamento começou a ser produzido no final do ano passado e no máximo em três anos deve ser implantado pela prefeitura de Porto Velho. O projeto em parceria com o Sipam visa prever as inundações nas regiões dos igarapés.

No trabalho cinco áreas são prioritárias: igarapé Santa Barbara, igarapé Grande, Tancredo Neves, canal da Penal, dos Tanques, Caladinho, Castanheira e igarapé Bate-Estacas. “A inundações são provenientes das ocupações que impermeabilizam o solo, á água acaba correndo para os igarapés com este estudo poderemos saber enquanto tempo vão ocorrer as alagações e deverá ajudar ainda nas políticas públicas do município para as áreas”, afirmou.
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REPÓRTER: RAFAEL ABREU

FOTO: RONI CARVALHO




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